Um pouco de história no sumô
A origem do sumô confunde-se com a origem mitológica do Japão. Há uma lenda que nos tempos míticos, os deuses lutavam entre si. O sumô não era apenas um esporte, mas uma forma de prever se as colheitas seriam boas através das intenções dos deuses. Relacionado aos cultos animistas, o sumô manteve a forma e adquiriu regras para se desenvolver, sem perder as características iniciais.
O sumô chegou ao Brasil com os imigrantes no início do século 20. O primeiro campeonato da modalidade realizou-se na colônia de Guatapará, no interior paulista, em 1914. Em 1962, foi criada a Federação Paulista de Sumô, e em 1998, a Confederação Brasileira de Sumô. Em 2000, o Brasil sediou o Campeonato Mundial no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Foi a primeira vez que o torneio foi disputado fora do Japão.
Curiosidade
O sumotori Willian Takahiro Higuchi treina sumô há 16 anos. Campeão brasileiro e atleta da seleção brasileira em dois Mundiais, Higuchi observa que que é notável a presença de não-nikkeis no sumô. "Algumas equipes são formadas exclusivamente por ocidentais. Numa visão ampla, pode-se dizer que se já não são a maioria, são ao menos iguais em número. Uma curiosidade: a seleção brasileira júnior, que participará do Campeonato Mundial Juvenil em Tóquio, é formada por três atletas. Somente o reserva é nikkei", revela.
Dicas - Willian Takahiro Higuchi
Qualquer um pode praticar sumô.
Não há limites físicos, etários ou étnicos. Aquela velha história o lutador obeso não passa de mito, afinal a própria palavra "obeso", remete-nos à idéia de sedentarismo, o que obviamente não se aplica aos atletas. Isso é bem provado quando se observa um treino de sumô, tanto profissional quanto amador.
Para mim, uma das maiores barreiras para a popularização o nosso esporte é esse preconceito.
A mídia teima em passar uma imagem falsa, ignorante e até ofensiva do sumô: como um encontro brutal de massas gordas num espetáculo quase circense (vide o comercial da Kaiser, por exemplo). Ela despreza todo o valor cultural dessa arte milenar que, antes de tudo, é uma das raízes do povo japonês.
Portanto, é contra esse preconceito que convido vocês, jovens nikkeis, a lutarem conosco. Precisamos preservar nossas raízes.
Para praticar sumô basta entrar em contato com qualquer uma das entidades filiadas à Confederação Brasileira de Sumô (CBS).
Temos associações no Pará, Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Termos - Willian Takahiro Higuchi
Existem muitos termos usados tanto no Brasil como no Japão:
Tachiai - Por aqui também chamado de "saída", é o momento que os lutadores partem um ao encontro do outro;Mawashi - A faixa utilizada na cintura pelos lutadores;Shikiri - A posição de ataque, largada, início de uma luta;Tawara - O circulo que limita a área de combate dos lutadores;Tirichyozu - O ritual antes da luta que simboliza a luta franca, sem armas.
Sumo Kyoukai, que tem sua versão tanto em japonês quanto em inglês.
Saiba um pouco mais sobre as regras
O sumotori Willian Takahiro Higuchi explica algumas das regras, diferenças entre o sumô amador e profissional, as categorias, entre outros.
Categorias
Tanto no masculino como no feminino, a CBS adota a idade como limite das categorias até o juvenil, ou seja, até 19 anos completos. Para os adultos, é por peso.
Mirim (até 13 anos)Infantil (13 a 16 anos)Juvenil (16 a 19 anos)Adulto Leve (85 kg para homens e 65 kg para mulheres)Adulto Médio (85 kg a 115 kg para homens e 65 kg a 85 kg para mulheres) Adulto Pesado (acima da 115 kg para homens e acima e 85 kg para mulheres)Adulto Absoluto (sem limite de peso)
Mirim (até 13 anos)Infantil (13 a 16 anos)Juvenil (16 a 19 anos)Adulto Leve (85 kg para homens e 65 kg para mulheres)Adulto Médio (85 kg a 115 kg para homens e 65 kg a 85 kg para mulheres) Adulto Pesado (acima da 115 kg para homens e acima e 85 kg para mulheres)Adulto Absoluto (sem limite de peso)
Existem pequenas alterações em torneios regionais e das federações, por conta da tradição. A divisão por peso é algo bastante recente, pois o sumô é tradicionalmente praticado somente na modalidade absoluta, assim como ainda ocorre no Japão.
Sumô profissional (da mais baixa para a mais alta):
Jyono kuchi Jyonidan Sandanmê Makushita Juryô Makuuchi
O Makuuchi é, por sua vez, dividido em:
Maegashira
Komusubi
Sekiwake
Ozeki
Yokozuna
Sumô profissional e amador
As regras são as mesmas, no entanto, elas diferem em alguns detalhes, principalmente nos referentes aos golpes proibidos. No amador, são proibidos o haritê, que é o tapa lateral no rosto do oponente, e o kawazugake, em que um lutador derruba para trás o outro, enroscando sua perna na do oponente de forma inversa. É difícil para nós, brasileiros, admitir a diferença tão grande entre o amadorismo e o profissionalismo que existe no sumô, afinal, não temos nenhum esporte em que ocorra tal discrepância.
O mundo profissional é cheio de tradições e costumes, que mesmo no mundo do japonês moderno é difícil observar, como o maguê (penteado), o yukata (a roupa usada por eles), ou até mesmo as relações pessoais e regras sociais, como a questão da honra, do respeito ao mais velho, a hierarquia, etc.
Cerca de 90% dos lutadores profissionais abandonam a carreira sem chegar ao juryô, categoria que antecede a principal. Chegar a ser yokozuna é uma façanha ainda mais difícil: 0,1%. No entanto, devemos considerar a grande diferença que existe entre o sumô profissional e o amador. O sumô mais praticado no Japão e no mundo é a modalidade amadora, afinal são menos de mil os lutadores profissionais.
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